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Profissionais da construção civil discutem a segurança nos canteiros de obras

A audiência pública realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sitracom BG) reuniu mais de 200 pessoas no auditório da entidade para debater as condições de segurança nos canteiros de obras. O evento, que teve a participação de Ricardo Garcia e Rodrigo Maffei (Ministério Público do Trabalho), Luiz Nei Rezende da Silva (Sinduscon RS), Luis Fernando da Silva (AEARV), Armando Roberto Pasqual (Ministério do Trabalho e Emprego), Irani Raymondi (Ascon Vinhedos), Virvi Jordão Marcilio (CPMR), José Enio Fontoura Andrade (Cerest) e Graciela Maffei (juíza do Trabalho), reuniu trabalhadores, empresários e profissionais da área de segurança, entre outros.

O objetivo da audiência, conforme o presidente do Sitracom BG, Itajiba Soares Lopes, é o de aumentar o nível de conscientização de todas as pessoas envolvidas com as atividades relacionadas aos canteiros de obras. “Todos devem ter em mente que é importante manter níveis de segurança adequados dentro do local de trabalho. Isto serve tanto para patrão como para empregado e, inclusive, está previsto nas normas técnicas que norteiam as ações desta área”, disse o presidente.

O diretor de Educação do Sindicato, Ivo Vailatti, que inspeciona as condições dos canteiros de obras em Bento Gonçalves e também em outros municípios da região, lembra que o setor da construção civil é campeão em acidentes de trabalho no Brasil. “Isto acontece porque as normas não são seguidas, criando então uma situação muito preocupante”. Conforme ele, muitas situações de acidentes poderiam ser evitadas se os envolvidos fizessem a sua parte. “Infelizmente, em muitos casos, o empregador não cumpre as normas e o trabalhador não cobra as “devidas providências. Em outros casos, a situação se inverte e o trabalhador simplesmente ignora seus equipamentos de segurança”, observou.

Apesar deste quadro desolador, Vailatti considera que a união das pessoas responsáveis por mudar o panorama está rendendo resultados positivos. “Com o trabalho de conscientização e com o entendimento de parte do empresariado, muitas obras foram adaptadas e as atividades são realizadas dentro das normas técnicas, preservando vidas e evitando acidentes”, comentou. O sindicalista comemorou o bom número de participantes durante a audiência, mas estranhou a ausência de uma representação da municipalidade.

“Já temos alguns municípios fechando convênios para que a vigilância sanitária e outros órgãos possam atuar nas obras e dar orientações, por isso é muito importante a participação de todos”, observou. Vailatti também lamentou o não comparecimento de várias empresas ao evento, que também não permitiram a participação dos trabalhadores. “Esta foi uma oportunidade de esclarecimento para todos os envolvidos e não podemos negar este direito aos nossos companheiros, protestou o sindicalista.

Onze mortos na região

Somente em 2011, pelo menos onze mortes relacionadas a acidentes de trabalho em canteiros de obras foram registradas na região da Serra Gaúcha. A esse número somam-se outros de acidentes em que trabalhadores ficaram com graves sequelas e outros tantos que não foram notificados oficialmente. Esta situação preocupa bastante o procurador do Trabalho, Ricardo Garcia, do Ministério Público Federal do Trabalho, que trava uma verdadeira guerra contra a irresponsabilidade em um setor que cresce desordenadamente. Para ele, chegou o momento em que a construção civil deve ser vista com olhos diferenciados. “Não podemos achar que construção é apenas cimento, ferro e tijolo. As coisas são mais amplas e complexas do que esta visão retrógrada”, avaliou.

O procurador considera que a situação de descaso com a segurança chegou ao seu limite e que as empresas precisam proteger o trabalhador. É por isso que, segundo ele, diversas providências estão sendo tomadas. “Hoje muitas empresas causam grandes prejuízos ao sistema de saúde público, que vai ter que tratar e cobrir os custos com os tratamentos destes acidentes. É por causa disso que estas empresas serão cobradas judicialmente. Mortes e mutilações devem ser consideradas crimes culposos ou dolosos, pois o mestre de obras que manda um homem para o andaime sem material de segurança é um homicida em potencial”, finalizou.