Quanto custa um óbito? Quanto custa uma amputação? Quanto custa um período de paralisação porque a empresa negligenciou as normas de segurança? As respostas para estas e outras perguntas a respeito das questões de segurança nos canteiros de obras não são fáceis de responder de imediato, mas existe uma certeza quanto aos montantes: são custos altíssimos, tanto no que se refere a valores financeiros quanto a vidas humanas.
Justamente para evitar estas perdas significativas é que o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG), junto com o Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho e Emprego, promoveu uma audiência pública em Nova Prata onde reuniu cerca de 350 pessoas ligadas a construção civil e olarias. Entre os participantes, trabalhadores, empresários, engenheiros, autônomos, proprietários de obras e técnicos de segurança, além de outros profissionais do setor. O encontro também contou coma presença de representantes do Sinduscon Caxias, Ascon Vinhedos, CPMR e AEARV.
A audiência faz parte de uma série de ações que têm por objetivo, a conscientização de todos os envolvidos na construção civil e olarias para a importância de um trabalho conjunto que diminua os altos índices de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho. “O trabalhador vende sua força de trabalho, não um dedo, um braço, sua saúde mental ou a própria vida. Ele tem que sair de sua casa pela manhã e retornar inteiro para sua família”, analisou o vice-presidente do Sitracom BG, Ivo Vailatti. Ele destaca as ações que foram realizadas em Bento Gonçalves, com um forte trabalho de conscientização e orientação e que apresentou resultados bastante positivos. “Os companheiros trabalhadores devem buscar conhecimento. As informações estão ao alcance do todos e o sindicato está disponível para auxiliar no que for preciso”, comentou.
Para o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Garcia, a situação dos canteiros de obras tem que mudar para dar as devidas condições aos trabalhadores e evitar os custos que são pagos pela sociedade. “O trabalhador tem que ter sua dignidade assegurada. Para isso é necessário uma mobilização conjunta que contemple a adoção das normas regulamentadoras, o registro na carteira profissional, o uso dos equipamentos de segurança individual e coletivo”, observou. Além disso, ele destaca que em todas as obras e olarias é preciso que os trabalhadores tenham locais adequados como banheiros, refeitórios e vestiários. “Não é possível que nos dias atuais as pessoas estejam trabalhando em condições subumanas, temos que avançar”, concluiu o procurador.
O presidente do Sitracom BG, Itajiba Soares Lopes destacou a importância de encontros como este e de seus resultados para a vida do trabalhador. “Ele tem que sair e voltar inteiro para casa. Ao reunirmos praticamente todos os envolvidos no setor da construção para discutir a segurança vamos avançando e colhendo bons resultados, mas não podemos relaxar. Precisamos intensificar as ações de conscientização e de fiscalizações para que eliminemos os riscos de acidentes. É desta forma que todos saem ganhando”, completou.