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Audiência Pública da Construção Civil reúne mais de 200 trabalhadores para debater a segurança

Segurança na construção civil foi o tema da Audiência Pública realizada no município de Veranópolis e que reuniu mais de 200 profissionais do setor, entre trabalhadores, autônomos, empresários, proprietários de obras e profissionais da área de segurança. O evento realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sitracom BG), na sexta-feira (29 de junho) contou ainda com a participação do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, Sinduscon RS, Ascon Vinhedos, CPMR, AEARV e Cerest.

A questão da segurança nos canteiros de obra vem ganhando cada vez mais atenção por parte dos próprios trabalhadores, sindicatos, empresários e órgãos ligados a área. Altos índices de acidentes, além do prejuízo financeiro para trabalhadores e empresas, vêm deixando graves seqüelas nas famílias das pessoas atingidas. Tem gente morrendo ou ficando com grandes marcas que vão carregar pelo resto da vida, simplesmente porque não seguiu as normas de segurança. E isto não pode continuar, tanto trabalhador como empregador tem que assegurar níveis de segurança que possibilitem a todos voltar em perfeitas condições para suas famílias, observou o diretor de educação do Sitracom BG, Ivo Vailatti.

O presidente do sindicato, Itajiba Lopes Soares, ficou satisfeito com o bom número de profissionais do setor que compareceram a audiência. Foi muito positivo este encontro com mais de 200 pessoas participando. Isto mostra que há uma preocupação com a segurança e que as partes envolvidas querem evitar os acidentes. Tivemos aqui trabalhadores e empregadores mostrando que querem reverter o quadro e comprovando que a conscientização é o caminho para isso, comentou.

A questão da segurança foi abordada pelo procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Wagner. Segundo ele, o setor da construção civil preocupa muito porque é o que mais mata e mutila trabalhadores. Quando o trabalho mata, ele não está cumprindo sua obrigação social de dar dignidade ao trabalhador e, além disso, o seu custo passa a ser muito alto, tanto emocionalmente quanto financeiramente. Esta é uma situação que tem que acabar. As empresas têm que se responsabilizar pela segurança, observou.

Wagner projeta um futuro nebuloso para as empresas que não tem preocupação com a segurança. O empresário que não investe nesta questão, também não investe em qualidade e conseqüentemente vai sair do mercado. É o consumidor quem vai fazer esta ligação. Não há como separar segurança da qualidade, comentou. Ele defende a tese de que acidentes não acontecem, são causados por imperícia, negligência ou outros fatores. Trabalhador treinado não se acidenta e o empregador tem que ter mão de ferro para exigir que a parede da obra tenha a devida qualidade e que o operário tenha segurança, analisou.

O procurador ainda alerta os empregadores que não dão a devida importância para as normas. Patrão que força o trabalhador a atuar sem segurança é um assassino em potencial e aí já entramos na área penal e ele será responsabilizado, argumentou. Inclusive já há a atuação de polícias especializadas em acidentes de trabalho e quem matar trabalhador será responsabilizado criminalmente, concluiu.

O auditor do Ministério do Trabalho e Emprego, Armando Roberto Pasqual, alertou para a importância de uma maior conscientização por parte de empregados e empregadores para que se evite os acidentes. Temos que mudar esta questão cultural de que a responsabilidade pelo acidente é do operário que não utilizou devidamente o equipamento de segurança. A segurança é uma questão coletiva e está acima do indivíduo. E obrigação do responsável pela obra fazer cumprir todas as normas para que se evite o pior, finalizou.