A Audiência Pública para tratar de questões relativas a segurança nos canteiros de obras, realizada no município de Guaporé reuniu mais de 160 profissionais do setor, entre trabalhadores, autônomos, empresários, proprietários de obras e profissionais da área de segurança.
O encontro realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG), na sexta-feira (20 de julho), contou ainda com a participação do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego e Cerest/Serra.
Uma das grandes preocupações do Sitracom BG é justamente com as condições de trabalho nos canteiros de obras. Esta preocupação se justifica. São muito altos os indicadores que mostram os números de acidentes neste setor, ceifando vidas de trabalhadores, deixando seqüelas nas famílias atingidas e causando prejuízos financeiros altíssimos para os envolvidos, tanto trabalhadores como empresas.
Além disso, boa parte dos prejuízos são cobertos com recursos públicos gerados por toda a sociedade. Ou seja, têm gente morrendo e outras que vão ficar com graves marcas destes acidentes. Este círculo vicioso tem que ser interrompido. Empregador e trabalhador precisam estar unidos neste momento para assegurar que todos voltem para suas casas em perfeitas condições de saúde, comentou o diretor de educação do Sitracom BG, Ivo Vailatti.
O presidente do sindicato, Itajiba Soares Lopes, fez uma avaliação bastante positiva do encontro. Tivemos mais de 160 pessoas nesta audiência que o Sitracom BG promoveu. Este número já mostra que há na coletividade, uma preocupação grande com as questões de segurança nos canteiros. Mostra também que há comprometimento para que a situação seja minimizada e mostra também que estamos num caminho em que a conscientização vai aumentar e reverter esta situação, observou o presidente.
Parceiro nesta campanha para conscientização, o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Wagner, de Caxias do Sul, lembrou que tem mais de 60 municípios na sua área de abrangência para fiscalizar, o que dificulta muito a tarefa. Daí a importância em se buscar uma conscientização coletiva gerando uma situação onde todos os envolvidos estejam realmente engajados na questão da segurança, analisou. O procurador lembrou que a construção civil é o setor em que mais acontecem acidentes.
Foram mais de 80 mil entre os anos de 2010 e 2011, mas a realidade é que os números são bem maiores que isso, pois sabemos que apenas a metade deles é relatada oficialmente, alertou. Ele ainda fez considerações sobre a responsabilidade pelos acidentes. Esta responsabilidade é do proprietário da obra e da empresa. A obrigação de eliminar os riscos e proporcionar a proteção coletiva é do proprietário. Se isso estiver acontecendo aí sim os equipamentos de proteção individual serão efetivos, finalizou.
O Ministério do Trabalho e Emprego também está empenhado nesta campanha. O auditor fiscal do trabalho, Jorge Luiz Passamani frisa a importância do esforço coletivo para reverter o quadro. Tem que haver empenho de todas as partes envolvidas e o Ministério vai acompanhar as obras, sempre que houver risco grave e iminente ao trabalhador, a obra poderá ser embargada, alertou.