A Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Contricom), sediada em Brasília, realizou a sua primeira reunião de base no Rio Grande do Sul. A cidade escolhida para a segunda etapa do processo de descentralização das atividades da entidade foi Bento Gonçalves que teve como anfitrião, o Sindicato dos Trabalhadores nas indústrias da Construção e do Mobiliário (Sitracom BG).
No encontro realizado no Centro de Lazer do Sindicato, o presidente da Contricom, Francisco Chagas Costa, o Mazinho, defendeu a nova política de descentralização das atividades. Por muito tempo o movimento sindical e suas confederações ficaram centralizados nas capitais e conseqüentemente o interior era praticamente esquecido. Temos a certeza de que este processo deve mudar, pois precisamos saber o que acontece nas bases, onde estão os trabalhadores, observou.
Mazinho considera que a sede da confederação que está no Distrito Federal deva operar no sentido político. Lá, o aproveitamento tem que ser diferente.
Devemos aproveitar todo o espaço para os debates políticos, pois tudo está em Brasília, mas toda a pauta para estes debates deve se originar nas bases, comentou. O presidente da Contricom fala com o conhecimento de causa de quem há mais de 30 anos se dedica ao movimento sindical. O Brasil é muito grande e suas demandas são diferentes em cada região. Há muita complexidade em cada necessidade dos trabalhadores. Então não é possível que se pratique um sindicalismo de qualidade sem que se conheça as bases onde tudo acontece, avaliou.
Neste processo de descentralização, o presidente da confederação tem como meta, a ampliação de uma rede de informações que levem mais conhecimento aos trabalhadores. Vamos para o interior do Brasil, levando palestrantes que estejam habilitados e transmitir conhecimentos e preparar nossos companheiros para os novos tempos. As coisas mudaram no Brasil. O trabalhador não está mais a espera do cabresto. Ele adquire conhecimento no seu dia-a-dia e quer estar mais preparado para desempenhar o seu papel. Assim ele afasta o que é ruim e agrega o que é bom, concluiu.
O presidente do Sitracom BG, Itajiba Soares Lopes destacou a importância da realização do encontro em Bento Gonçalves. A vinda da Contricom ao município demonstra a importância desta que é um dos maiores pólos moveleiros do Brasil e o papel dos trabalhadores deste setor. Além disso, podemos mostrar a realidade que vivemos e fortalecer o movimento sindical nas lutas pelos direitos dos nossos companheiros trabalhadores, concluiu.
É preciso valorizar a mão de obra na construção civil!
A valorização da mão de obra para construção civil é fator crucial para que se resolva o suposto problema da escassez de mão de obra. A avaliação é do sindicalista Raimundo Britto, que integra a direção da Contricom e também é diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira no Estado da Bahia.
Brito fala sobre este assunto com propriedade. Ele atua num sindicato que onde a base conta com pelo menos 150 mil trabalhadores em canteiros de obras. Lutamos diariamente pela valorização destes trabalhadores, para que eles não ingressem na informalidade e acabe gerando esta imagem de que falta mão de obra qualificada na construção civil, observou.
Segundo o sindicalista, o problema é que os pedreiros passam a ganhar mais quando assumem compromissos profissionais por conta própria e mesmo na informalidade conseguem uma renda que gira em torno de três mil reais. Desta maneira é obvio que vai faltar gente nos grandes canteiros de obra e a maneira de se evitar esta situação é buscando a valorização dos profissionais, argumentou
O sindicalista também destaca que as condições de trabalho nos canteiros de obras ainda estão longe de serem as ideais. Ainda há carência de áreas de vivência em condições dignas em muitas obras e as empresas se aproveitam da miséria dos trabalhadores para explorá-los ao máximo, sem oferecer o que lhes é de direito, concluiu.