Dissídio Coletivo 2011… quando o trabalhador vai ter vez

Sitracom BG protesta contra proposta de 0,97% de aumento para trabalhadores do mobiliário

Depois de inúmeras tentativas de diálogo com o sindicato patronal, os trabalhadores do setor moveleiro continuam a protestar contra o arrocho e a exploração a que os patrões os submetem. Após um período de crescimento de 17% e contando com significativos incentivos governamentais que diminuíram tributos e tornaram o setor mais competitivo, o presidente do Sindmóveis, Glademir Ferrari, em entrevista concedida ao jornal Semanário da quarta-feira, 13 de abril de 2011, disse que o percentual de 0,97% foi oferecido levando-se em conta a atual situação econômica.

“Se levarmos em conta tal situação, veremos que o setor cresceu mais de 17% em 2010, teve acréscimo de 10% nas exportações e teve uma redução de IPI na casa de 5%. Desta forma, o que está acontecendo é um verdadeiro ataque aos direitos dos trabalhadores. Diante deste quadro, é ridícula uma proposta de 0,97% de aumento aos trabalhadores”, enfatiza o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sitracom BG), Itajiba Soares Lopes.

A reivindicação dos trabalhadores para o dissídio coletivo da categoria, que tem como data base o dia 1º de fevereiro, é que o aumento seja igual ou maior do que o piso regional (11,6%). Itajiba destaca que o Sindicato quer a valorização da categoria, já que é com a força dos trabalhadores que a indústria moveleira se expande e gera riquezas. “Vários municípios da região já fecharam seus acordos coletivos com variação de 12% a 14%, então não podemos aceitar uma oferta como esta apresentada pelo Sindmóveis”, comenta o sindicalista.

O impasse gerado pela exploração da mão de obra remete às situações extremas do final do século XIX e início do século XX, quando os trabalhadores enfrentavam os mesmos problemas. “O mundo cresceu e se desenvolveu, surgiram novas tecnologias, mas as relações de trabalho são as mesmas daquela época e se resumem à exploração dos trabalhadores e concentração de renda. Parece que se sabe o resultado da Justiça, é como se fosse carta marcada, o que acaba com as condições de negociação”, diz o sindicalista Arcelo Rossini. Para ele, este é o momento de virar o jogo. “O crescimento da economia e o desenvolvimento das classes menos favorecidas, dentro do projeto do governo do ex-presidente Lula e agora tendo continuidade com a presidenta Dilma, assegurou melhores condições de cidadania para os brasileiros. Agora o trabalhador tem estima em alta e não aceita mais o cabresto. Por isso é preciso que todas as categorias de trabalhadores se unam neste momento para garantir um futuro digno”, analisou.

Na avaliação do Sitracom BG e dos trabalhadores, a atual conjuntura econômica nunca esteve tão bem para as empresas como agora. O PIB da indústria nacional chegou a 10,1% em 2010. Isto por causa do crescimento econômico que chegou a 7,5%, levando o Brasil a ser a sétima economia do mundo. Mesmo assim, os patrões ainda insistem em afirmar que 0,97% é o máximo que pode ser dado aos trabalhadores. O trabalhador é o sapo lutando para não ser engolido pela garça. Mas ele não desanima nunca.