O consumo consciente para uma melhor qualidade de vida foi o tema da palestra ministrada pela engenheira agrônoma Maria José Guazzelli no Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG). O evento aberto a toda a comunidade foi realizado na noite da última sexta-feira (26) no auditório da entidade.
Profunda conhecedora dos malefícios da ingestão de alimentos expostos a ação de agrotóxicos e também daqueles modificados geneticamente ou mesmo os industrializados que sofrem adulterações químicas, ela aponta um futuro caótico para a população que ao longo dos anos utiliza estes produtos. Para assegurar um consumo desenfreado a indústria não poupa esforços e adiciona o que for preciso ao alimento para poder manter as margens de lucro, alerta.
Como resultado da adição de produtos químicos que asseguram a longevidade e o sabor desses alimentos surgem nos seres humanos, principalmente nas crianças e idosos, problemas gravíssimos. Esta química que está sendo agregada a alimentação faz com tenhamos mudanças de comportamento O cérebro passa a produzir estímulos tornando as crianças hiperativas e com sérios problemas de concentração. Elas chegam a perder a capacidade de se concentrar para aprender, diz a engenheira agrônoma. Além disso, essas substâncias químicas, presentes em qualquer pacote de biscoitos, sucos, refrigerantes em qualquer que seja o alimento originado da indústria, passa ao cérebro a mensagem que o corpo nunca está saciado. Não somos vistos como seres humanos, somos consumidores, adverte.
Mas os problemas não ficam apenas nos produtos industrializados. No campo, os agrotóxicos causam grandes problemas. Os venenos usados nas culturas foram desenvolvidos para serem armas químicas em guerras e é isso que se consome. Vivemos num mar de produtos tóxicos, diz Guazzelli. Ela inclusive revela um estudo que mostra que o brasileiro consome uma média de cinco quilos de veneno por ano. Isto entra no aleitamento materno, causa alergias, câncer, depressão, esterilização de homens e mulheres, má formação e fetos e muito mais, avisa.
Os problemas com a alimentação não param por aí. A produção de transgênicos, segundo a engenheira é alarmante. Para que possamos ter idéia do que acontece basta que se analise o caso do milho. O pé inteiro é um veneno. A planta é desenvolvida para que se for atacada por algum inseto, ele morra. Então quer dizer que é puro veneno, constatou.
A solução para contornar esta situação, segundo ela, é apostar no consumo de alimentos ecológicos, uma área que vem a cada dia ganhando mais espaço e valorização. Quem produz este tipo de alimento recebe uma certificação e isto garante ao consumidor uma ingestão de produtos saudáveis que vão ajudar no desenvolvimento. As pessoas devem tomar consciência de que isso vai ajudar seus filhos a ter um futuro melhor, concluiu.
Esta é a segunda vez que Maria José Guazzelli palestra no Sitracom. Anteriormente, ela falou para uma platéia e idosos e aposentados. Após o primeiro contato que tivemos com ela, percebemos a importância do conteúdo que nos trouxe. Por isso o Sitracom passou a apoiar a produção de alimentos ecológicos e a convidou novamente para disseminar seus conhecimentos para um público ainda mais abrangente, disse o presidente Itajiba Soares Lopes.