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Seminário analisa as condições de desenvolvimento

O Seminário do Setor Moveleiro promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG) reuniu dezenas de sindicalistas no Centro de Lazer da entidade para avaliar importância da participação dos trabalhadores no desenvolvimento do setor moveleiro e na realização da maior feira de móveis da América Latina.

O Seminário foi realizado em conjunto com a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e o Mobiliário do Rio Grande do Sul (Feticom-RS) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Contricom). Entre os assuntos abordados os sindicalistas destacaram questões atuais como o desenvolvimento e negociações coletivas, a importância do setor moveleiro para a economia e os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional e as terceirizações.

O evento também é um contraponto para a Movelsul Brasil, uma feira reconhecidamente de primeiro mundo. “Não podemos mais admitir que o setor moveleiro, que promove uma feira como essa, com a participação intensa e direta dos trabalhadores continue a pagar salários incompatíveis com o primeiro mundo. Por isso o nosso Seminário que ser um ponto de oposição para esta questão que consideramos essencial”, comentou o presidente do Sitracom BG, Itajiba Soares Lopes.

Conquistas e Lutas

Uma pesquisa recente mostrou que o índice de confiança dos trabalhadores nos sindicatos em geral diminuiu. Este é um quadro que segundo a especialista em Relações de Trabalho e Assessora Sindical, Zilmara Alencar, precisa ser modificado. Ela que foi uma das painelistas do seminário e analisou o papel dos sindicatos na sociedade, considera que é hora de as entidades reverem alguns pontos. “A situação mudou. Os sindicatos lutavam por democracia, depois para manter os trabalhadores nos empregos e hoje lutam por qualidade de vida. Isso tem que ser amplamente divulgado, pois qualidade de vida é cidadania. Avançamos muito e hoje a oferta de empregos é ampla. Então estamos em outra fase, a da luta pela dignidade”, observou Zilmara.

Ela se mostra preocupada com ações e campanhas que tentam diminuir a estrutura sindical e o seu poder de lutar pelos direitos e conquistas dos trabalhadores. Os sindicatos precisam da união de todos. “Enquanto conversamos aqui, tem gente tentando a todo custo acabar com a atividade sindical para poder achacar o trabalhador e seus direitos”, denunciou.

Ameaças ao trabalhador

No Congresso Nacional são constantes as ameaças aos direitos do trabalhador. Diversos projetos de lei estão em tramitação atualmente e tem como objetivo fundamental minar a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Para exemplificar a situação, o analista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), André Santos, citou o PL 1463/2011 de autoria do deputado Silvio Costa (PTB-PE) que simplesmente acaba com as CLT e todos os direitos do trabalhador. Outro com o deputado Júlio Delgado, com o PL 951/2011 quer criar o simples trabalhista (PSB-MG). Desta maneira, direitos básicos serão retirados do trabalhador. Mas a lista de barbaridades não pára por aí. O Deputado Laércio de Oliveira (Partido da Solidariedade-SE) quer implantar a prescrição dos direitos trabalhistas. Ou seja, nem mesmo na justiça o trabalhador poderá reclamar por seus direitos. Tem ainda o deputado Sandro Mabel (PL-GO) que quer o trabalhador terceirizado acabando de vez com as relações trabalhistas.

Estas ameaças são reais e estão tramitando no Congresso Nacional. “A bancada de deputados ligados a sindicatos patronais é imensamente maior que a de trabalhadores. São em torno de 279 para 72. Então é bom entendermos que os sindicatos devem estar cada vez mais unidos para enfrentar esta situação”, concluiu o técnico do Diap.

Crescimento e sustentabilidade

O País encaminha-se para uma situação inédita. Em breve serão 50 milhões de carteiras profissionais assinadas e isto se deve a um trabalho incansável do movimento sindical. Para se ter uma idéia, o nível de desemprego na era neoliberal era de 22% da população, hoje não passa de 4,5%. A situação mudou. Os salários aumentaram. Quando o sistema neoliberal matinha um salário na casa dos 86 dólares, qualquer aumento de 3% era muito pouco. “Agora, quando o salário mínimo mais do que triplicou, estes 3% fazem muita diferença”, analisou o técnico com Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese) Ricardo Franzoi.

Em suas análises ele desenha um futuro de crescimento para o Brasil. “Temos mercado interno em expansão, temos um sistema financeiro em expansão e temos oportunidades relevantes de investimentos, além do terceiro maior PIB do planeta. Isto nos dá certeza que podemos e vamos crescer mais”, comentou. Outro dado importante é o crescimento das compras no exterior. No ano passado foram gastos 2,4 bilhões de dólares em cartão de crédito por brasileiros fora do País. “Isso não é sinal de retração”, concluiu.