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Sitracom BG no Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho

Uma representação do Sitracom BG participou da mobilização organizada pelo Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador alusiva ao Dia Internacional em Memória às Vitimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho que é celebrado no dia 28 de abril.

O evento realizado no largo Glênio Peres em Porto Alegre reuniu sindicalistas, especialistas em saúde, parlamentares e trabalhadores das mais diversas categorias profissionais para avaliar a situação precária a que são submetidos. Atualmente o Brasil registra sete mortes por dia em acidentes de trabalho. Por ano são quase quatro mil pessoas e a maior parte das vítimas é de jovens entre 25 e 29 anos.

No entanto, estes indicadores podem ser muito maiores, como alerta o sindicalista Luis Alfredo Chienza, integrante do fórum sindical. Estes são números que indicam os casos de pessoas que morreram no momento do acidente. São inúmeros os casos em que o trabalhador morre dias após a ocorrência do acidente e que não são computados. Certamente podemos multiplicar por quatro o número de mortos, argumentou.

Além disso, há também um número elevado, mas não contabilizado de trabalhadores informais que acabam morrendo em acidentes, como é o caso dos motoboys e de outros profissionais. Como se vê temos uma situação precária que não atende nossas necessidades e que acaba com a vida de milhares de famílias todos os anos, observou o sindicalista.

Uma das causas deste grande número de fatalidades está na quase inexistente fiscalização por parte dos órgãos competentes. Somente nos últimos seis meses, o Rio Grande do Sul registrou vinte mortes em acidentes de trabalho, a maior parte na construção civil. Para se ter uma idéia, o Estado conta com pouco mais de noventa fiscais do trabalho para dar conta de uma região com quinhentos municípios.

É impossível que se trabalhe para a redução dos acidentes com números como estes. O que se vê é a massificação das más condições, onde os empresários querem o lucro a qualquer custo e não importa se uma vida ou mais estiver incluída nisso, disse Luiz Alfredo.

Mas não são somente os acidentes e suas seqüelas que preocupam. Nos últimos anos as doenças relacionadas com a parte psicológicas vêm crescendo rapidamente e não recebem nenhum tratamento. O trabalhador está doente física e psicologicamente, diz o médico do trabalho Rogério Dornelles. Segundo ele a pressão sofrida é grande demais para o ser humano, o que acaba deixando marcas profundas. É horas de união para que esta situação mude, comentou. A psicóloga Karina Peres, diz que vem aumentando o número de trabalhadores afastados por problemas como a depressão. Segundo ela, estas pessoas sofrem muito e já foram registrados casos de suicídio.

Além da falta de fiscalização dos ambientes de trabalho, os grandes conglomerados empresariais ainda contam com penas muito brandas para a falta de estrutura na segurança. É preciso interdição e embargo das empresas insalubres. Hoje elas pagam multas de mil reais que chegam a ser verdadeiros incentivos para o descaso. Temos que mudar as leis e combater com firmeza estas empresas, disse o diretor de educação do Sitracom BG, Ivo Vailatti. O deputado estadual Nelsinho dos Metalúrgicos lembrou que tudo gira em torno do lucro e das exigências dos patrões.

É por isso que os órgãos de fiscalização são esvaziados, assim não se tem nem denúncia. O Brasil precisa mudar e rever seus conceitos sobre o ser humano. Se o porco estiver com febre, se a galinha estiver gripada ou a vaca ficar louca há uma mobilização enorme entre os ministérios da República, mas se o trabalhador estiver doente, nada acontece.