A organização das atividades do Fórum Sindical Saúde do Trabalhador (FSST) para 2014 começou a ser avaliada no encontro realizado no Centro de Lazer do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG). O Forum, formado por um grupo de diretores sindicais foi formado em 2006 com o objetivo de discutir e priorizar a saúde do trabalhador. Desde então foram organizados seminários para informar e debater questões importantes sobre saúde e previdência no País. Os integrantes do FSST querem agora, organizar conferências macro-regionais que irão preparar a pauta para os debates da conferência estadual que está prevista para o junho de 2014.
Muitos aspectos preocupam o FSST, mas a tônica dos trabalhos para o próximo ano deverá se manter em cima das condições a que estão expostos os trabalhadores. São altíssimos os índices de doenças originárias do trabalho, entre LER, DOT (lesões por esforços repetitivos) e a que mais cresce que é a doença mental, disse Alfredo Elenar Rodrigues Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Porto Alegre e um dos coordenadores do fórum. Ele destaca que o Brasil está num processo de pleno emprego, mas que o preço que está sendo pago por isso é alto demais para o trabalhador. A ordem é produzir, custe o que custar, não importando a saúde e as conseqüências para a vida, observa.
Exemplos dessa situação não faltam. Hoje o trabalhador tem que ter seu telefone celular ligado 24 horas por dia. Um regime de escravidão, conforme Alfredo. Tem empresas que simplesmente deixaram de lado a segurança de quem trabalha para acelerar o processo de produção e não existem critérios para cuidar de quem está produzindo. Chegam ao cúmulo de retirar das máquinas os dispositivos de segurança para que a produção ganhe corpo, denuncia. Outra preocupação do FSST é com relação ao projeto que visa acabar com a NR 12, norma que estabelece a obrigatoriedade do dispositivo de segurança no maquinário. Estes dispositivos, segundo os patrões atrasa a produção, comenta Alfredo.
O FSST também quer que a Previdência Social passe a jogar no lado dos trabalhadores e universalizar o acesso ao Sistema Único de Saúde. Este é um ministério de cunho social e tem que estar ao lado do povo e zelar pela sua saúde. Os médicos dos SUS não investigam as causas das doenças dos trabalhadores. Eles só observam os sintomas e o trabalhador volta no dia seguinte para o mesmo lugar insalubre. Isso tem que mudar, concluiu Alfredo.
Para 2014 o FSST quer melhorar sua forma de atuação interiorizando suas atividades. Concluímos que é necessário aprofundar a comunicação com os trabalhadores para que os encaminhamentos tomados no Fórum cheguem ao seu destino. Temos certeza de que somente com a mobilização da classe afetada pelas doenças é que vamos ter força para mudar este quadro, disse Paulo Rodolfo Pacheco Ribeiro, dirigente do Sindicato dos Aeroviários que integra o FSST. Uma das mudanças previstas para que isso ocorra está prevista para o dia 28 de abril (data em que se celebra a memória das vítimas de acidentes de Trabalho e doenças). Tradicionalmente celebrada com mobilizações na capital do Estado, agora irá para cidades do interior.
O diretor de educação do Sitracom BG, Ivo Vailatti, integrante do Fórum, ficou satisfeito com os resultados do encontro no Centro de Lazer. Recebemos aqui, pessoas abnegadas que lutam por uma causa nobre que é a saúde do trabalhador. Enquanto o capital investe contra a nossa saúde, temos gente que está interessada apenas em resguardá-la para que o trabalhador possa viver com dignidade, concluiu.