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Sitracom promove audiência para tratar da segurança nos canteiros de obras em Veranópolis

Uma audiência pública realizada no município de Veranópolis reuniu mais de cem pessoas entre trabalhadores, empresários, sindicatos patronais, estudantes, lideranças comunitárias e representantes do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, para avaliar e discutir a segurança nos canteiros de obras. O evento foi promovido e realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom BG) em parceria com o Comitê Permanente Micro Regional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil na Região Nordeste do Rio Grande do Sul (CPMR/Nordeste).

O presidente da entidade, Itajiba Soares Lopes, está preocupado com as condições de segurança nos canteiros de obras e com os altos índices de acidentes que têm feito vítimas fatais ou causado sérias sequelas nos trabalhadores. “Infelizmente é normal ver obras em que trabalhadores não usam equipamentos de segurança e empresas que não os fornecem. O resultado disto é drástico. Tem gente morrendo e trabalhador ficando com marcas para o resto da vida. Este quadro tem que mudar”, disse Itajiba.

O coordenador dos trabalhos, Ivo Vailatti, ficou satisfeito com os resultados. “Estamos trabalhando para preservar vidas e dar qualidade às atividades realizadas nos canteiros de obras. A cada acidente, perde o trabalhador, perde sua família e perde o empregador”, avaliou. Segundo ele, a grande maioria dos acidentes podem ser evitados apenas aplicando as normas de segurança que são obrigatórias. “Temos os mecanismos e os equipamentos para evitar acidentes, então não podemos tolerar que eles aconteçam”, observou.

O que se procura é o cumprimento da Norma Regulamentadora (NR 18), em vigência na legislação brasileira. Com a NR18, busca-se minimizar uma das mazelas deste setor, que são as quedas nos canteiros de obras, seguida de outros acidentes como esmagamentos e cortes. As quedas, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, são apenas 10% do total de acidentes, mas deixam as maiores sequelas e, na maioria das vezes, levam o trabalhador à morte. As consequências são sempre muito graves, tanto para o trabalhador como para o empregador, e podem ainda piorar caso o empregado não esteja em situação legal com a empresa.

O auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Rhuan Marcus Teixeira, lembrou que a NR 18 foi elaborada e projetada por todas as pessoas que participam da reunião, “sendo assim, é importante que se tenha consciência de que todos devem se adaptar às normas” avaliou. O auditor alerta que a fiscalização nos canteiros de obras irá continuar, principalmente para que se oriente e divulgue, entre trabalhadores e empregadores, a NR 18, mas não descarta a possibilidade de usar suas prerrogativas de chegar a embargar uma obra que ofereça risco iminente à vida do trabalhador. “Não estamos trabalhando para multar ou embargar, queremos é que se observem os itens de segurança”, comentou.

Exemplo disso aconteceu na manhã do mesmo dia (29 de abril), quando o auditor teve que embargar uma obra no município de Veranópolis. O local foi cenário da morte de um operário no início do mês de abril, após cair de uma altura de aproximadamente dois metros. “Mesmo com a morte nada mudou no local. Havia dois operários sem registro na carteira, um deles trabalhava de chinelos, não havia nem sequer um banheiro para os trabalhadores”, relatou.

Para o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Garcia, a insegurança no local de trabalho é uma verdadeira praga. “A NR18 foi aprovada por trabalhadores, empregadores e governo, tem legitimidade, e quem não respeitar isso será responsabilizado”, concluiu.